...

Conversas, cotidiano, artes, fazedors de artes, cultura, cidadania, são temáticas imbricadas no nosso caminhar e, por isso, passarão por aqui. Aberto a contribuição de todas as pessoas sintonizadas conosco... sejam bem-vindos!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

virada

E no calendário de datas, finda o ano do sol. E 2010 retorna com os meses e estações. E nesse calendário, estamos nós "tresmarianos" emitindo ao universo pensamentos de ânimo bom. Da "terrinha do sol", do norte, do brasilsão, do mundo. Que a todos, o cumprir do novo calendário seja com muita leveza, cores, coragem, alegria, delicadeza, amor. Fraterno!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

leveza


O vocábulo “Palmas” muito representa para os “tresmarianos”. Foi na cidade com mesmo nome, o local de encontro dos membros do grupo no início de 2009. Eu e Brenno, conhecemos Carol e Norma na escola em que trabalhávamos. Carol nos trouxe João. Do fruto desse encontro fomos papeando, nos fortalecendo um ao outro, nos descobrindo e eis que as letrinhas tocaram os teclados, imprimiram papéis levando até aos olhos da FUNARTE alguns de nossos propósitos. E apareceram Marco Túlio, Lúcio Miranda e Caio. E os absolutamente desconhecidos se transformam num grupo a desbravar caminho e comunicar através da dança, teatro e artes plásticas as impressões da caçula capital brasileira. Uma das acepções “palmas” que traduz aplausos, também me faz lembrar de plantas, flores. Palmas, nome vulgar de uma planta linda que brota de suas folhas, flores singelas e requintadas ao mesmo tempo. Talvez a mesma flor que coroavam as santas nos festejos do mês de maio e, que em muitas canções, citavam “te ofereço essa palma, como prova de alegria”. Num momento em que Palmas, conquista seu reconhecimento no país, lutamos para que nosso encontro nessa cidade, possa reverberar e ajudar a concretizar um "caco" da construção do edifício palmense, pois não basta construir cimento sobre cimento, é preciso a vitalidade das plantas, a delicadeza das flores, a fortaleza do sol. Ao longo desse 01 ano de encontro e desses 06 meses de "gestação tresmariana" foi e é recorrente no grupo, o trabalho autoral. Não só a concepção de movimentos, a dramaturgia, mas a vivência na cidade, foram importante fonte de inspiração e discussão para a concepção do que até agora se criou - um coletivo que atira para muitos lados. Rememorando, muito, muito foi modificado das cenas, textos e movimentação desde a idealização até a estruturação do espetáculo. E fundamental está sendo o papel do diretor, que apresenta sem resistência os ensaios aos estranhos que acabam se tornando membros do grupo. E isso é singular! Leve e delicado, como as flores. Exuberante e forte como a "palmas".

sábado, 26 de dezembro de 2009

palmas pra nós

e recebo email de Carol sobre reuniões em Natal. Sinal de que pelo Brasil reluz o iniciado de "na palma dos olhos". E de Marco Túlio, chega notícias sobre cubos. Idéias do cenário que se materializam no cerrado goiano. E leio, comentários do mestre João, que abaixo transcrevo:
"Cada um se vai, mas volta. Eu, particularmente espero que voltem com músculos descansados (para ensaios), cérebros atentos (para os argumentos), coração tranquilo (para os relacionamentos) e espíritos renovados (para nossa fé). Muita luz para todos. 2010 certamente se concretizará com o coroamento do que 2009 começou. Palmas pra nós." JOÃO VICENTE
E hoje é aniversário de Marco Túlio. Pra você (((alone))), muita luz, paz, harmonia, alegria, lágrimas de contentamento, cores, cerveja...feliz dia seu

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

cara da nossa cara

E na viagem, um "filminho" vai passando sobre o processo de criação. E no ônibus, me sinto personagem de CENTRAL DO BRASIL. Puro laboratório! que de certo modo, tem a haver com parte do "na palma dos olhos", alguém que chega num lugar diferente e, pensando nas coisas boas do "lugar-raiz" se sente no direito de reclamar. Nalgum trecho da viagem, refleti sobre nós mineirinhos integrantes da "Tresmaria". Diz a lendária voz brasileira que caipiras são os das Gerais. E os das "trabandas nórdica", o que são? Há outro nome pra um bando de gente que entra dentro do ônibus gritando, fazendo "papinha" para os bebês, que senta do seu lado e sem pedir licença, "abunda" no seu colo, um corpo quente, fedido de suor? Que troca as fraldas das crianças e o perfume de urina curtida exala por todo o canto? Que não sabem se localizar através do número da poltrona descrito no bilhete? Aiaiaiaiaiaiaiai, me senti intolerante, porque gente simples não precisa ser sem educação. É essa cara do nosso brasil que ainda não está estampada nas "malhações" nem nos "domingões faustinianos". Por que não? E isso não estará estampado na "palma dos olhos". Na terrinha do sol tem mineirinhos, paulistas, paulistanos, goianos. Gente de todo lugar, de todas as classes sociais, origens, crenças. E sorri por dentro, sorri de mim, porque isso é respirar da cultura do Brasil. E perceber que a máscara cai. Somos podres! como todas as coisas apodrecem quando não são preservadas... e enquanto isso, Carol já deixou emails com algumas "coordenadas" para o nosso espetáculo de teatro "SOL NOS OLHOS". E vamos seguindo em frente, preservando ou tentando preservar a verdade. Nossa verdade "tresmariarteada" nos caminhos do mundaréu brasileiro. E daqui da terrinha arquitetada, me dirigo para "padiminas", a terrinha do milho. Singela!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

canto de cada um..

...para onde que cada qual dos tresmarianos vão hoje, amanhã. Depois... E pras Gerais, pra Natal, pra Goiás. E vão recarregar energias. Nutrir as raízes. E nas malas, o vídeo que Caio criou. Ensaio. Para ser ensaiado individualmente. Processo que nas férias se aparta. O individual que se "incoletiva". E hoje assistimos ao vídeo e muito animados com o trabalho de Caio. E a "tresmaria" vai "arteando", solidificando, se contorcendo, crescendo. "Arteando" bandeira nesse centro do nosso Brasil Varonil. E Norma fica aqui na "palmas" testando cores, texturas. O esteio da família! que se forma.

Merda, muita merda!!!!

"....eh nozes" como dizia Marco Túlio

sábado, 19 de dezembro de 2009

luzes do natal

E ontem nao teve ensaio. Nem hoje tera. Os festejos natalinos se iniciam. A cidade, o Estado, o país, nesse "eão" se move. Remove. E os ensaios paralisam. E os outros afazeres continuam, mesmo com o brilho sem olhar, porque nessas horas, só existem os brilhos das luzes. De natal! E as empresas paralisam. Não é possível reuniões. Nâo tem vez, nessa vez, para "na palma dos olhos". Ora, 'e a vez do velhinho bom...Gordinho! Ele j'a tem data oficial no calend'ario do mundo. Enquanto isso, a tresmaria corre atr'as de agendar as datas de reuni'oes. Essa semana foi produtiva. Carol, Jo'ao e eu, visitamos OAB, Secretaria Estadual do Turismo, Funda'cao Estadual e Municipal de Cultura, Fiat. Foi muito positivo! no entanto, respostas, retornos concretos s'o a partir de 2010, véspera da véspera nossa. E enquanto ainda é ano do sol (porque li em algum lugar que 2009 é o ano do sol e talvez por isso, essa cria;ão toda de nós e nossos sóis) o mestre joanino corrige cenas do espetáculo em apartado, para irmos de férias cientes do que devemos melhorar e voltar sem repetiros erros. O Caio também retornou essa semana. E tem azar danado, porque sempre assiste aos ensaios frios. Mas não queixa, é muito discreto. E mesmo tendo sido péssimo o ensaio de quarta-feira, ele o registrou em vídeo pra levarmos nas nossas malas para as Gerais e Natal.

*e eu apanho do teclado, e as letras saem sem acento, com erros de grafia. 'E o outro ch'ao esse teclado. De Jo'ao!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

palavras recebidas




"Eliene.

Adorei o nome "Tresmariarte" e a explosão de cores que o espetáculo está buscando, que maravilha. Que Deus continue a inspirar essa criação. Muita paz! Muita Luz! É natal! É vida! É Jesus!! aniversário do nascimento do filho do céu na terra!! Mil festejos!!!. Um abraço do amigo!

Eduardo Lima. "

eduardoteatrotranscendental@yahoo.com.br
06/12/09




terça-feira, 15 de dezembro de 2009

sim, a saída...

....vamos nos embriagar de arte para não afogarmos de excesso de verdade - Nietzsche
que bom! O trabalho de formiga vem trazendo ao noso solo, mais força. E dessa vez, foi o embarque de Lúcio de Miranda na Tresmaria. Ele, nosso iluminador, assistiu ao ensaio de ontem. O conhecemos no SESC. O conheci ainda em julho passado quando de uma oficina de leitura dramatizada. Em outubro, quando do término de tal trabalho, João e Carol estiveram comigo, e a surpresa foi o reencontro dos dois varões, os dois "mirandas" que já se conheciam da época do mestre joanino na Quasar. Lúcio é aquele "artista" da calmaria, cujos olhos enxergam ao longe e a serenidade mede os dizeres. Voz macia. Aquela pessoa que não nos deixa deslocados. Na platéia do ensaio, o acompanhavam Norma e Marco Túlio. Em determinado momento da cena, lá do palco, pude enxergar na face de Lúcio, o sopro de sua fala "já ouvi isso quando cheguei aqui". Terminado o ensaio, é claro, fui acompanhar a prosa entre diretor e iluminador. E confirmei a minha impressão. De alguma forma ele se identificara com algumas falas que ouvimos quando na "terrinha do sol" chegamos e compusemos em texto teatral. Ao contrário do que os "tresmarianos" estavam pensando, DE MIRANDA entende que estamos adiantados no processo de criação. Não que seja consolo, mas nos anima (respondo e falo pela Cia.), porque um olhar de quem, há anos respira do ar cultural da capital nova, pra nós representa um comando, um norte a seguir. E agora, aguardamos na platéia de ensaios o Luiz Melchiades. Militante cultural que me parece um ótimo crítico, pela exigência e excelência do seu trabalho. E o melhor que acho, é que ele é daquelas pessoas que "dizem na lata". Se gostam, falam que sim. Se não gostam, falam os motivos. Sem ladainhas! Apenas com o olhar...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

intervalo

Quanto mais alto colocarmos nossos objetivos, maior será nosso crescimento no esforço de alcançá-lo. Foi o que li aos meus 11 anos, quando minha irmã mais velha que morava em Goiânia, deixou em casa uma série de discos de vinil. Num da coleção de Belchior, estava assim escrito, por Lacerdino G. Lopes. Cunhado meu! Levei essas letrinhas para a vida. E agora, nesse exato instante, 17:35h de 14/12/09, preciso desse esforço. De renovar os objetivos, porque a rotina está tomando forma. Detesto rotina. Os intervalos de tempo são, estão curtos na palma das minhas mãos, dos meus olhos. A voz some meio a multidão advinda de classes sociais distintas. Tempo integral. São cores, falas, rostos, traços, cheiros, movimentos distintos. De várias idades, famílias, valores, origens, crenças. E o corpo enfraquece. Sufoca a garganta. E os olhos que marejam confundem as lágrimas com suor. E recebo o carinho e a força da Norma, e ouço Carol que tenta mudar o norte e faz o telefone percorrer o mundo dos projetos. E enxergo nos olhos de artistas outros, o cansaço. Sinto-me tolhida quando o "espetáculo temático" tenta sobressair ao despertar de auto-estima e consequentemente, às escolhas. Tudo isso, sem mensurar, sem analisar os processos pelos quais as Instituições Educacionais brasileiras terão que seguir para alcançar suas metas. Quais suas metas? E o bem-estar dos seus "bois" para mover o carro? É questão de bom-senso olho no olho, é questão de amor fraterno, cuidar da sua prole, porque nessas horas, os "talentos humanos" é que fazem qualquer empresa ou Instituição alavancar. Nesse momento, ecoa na lembrança a voz de Hamilton Farias que foi meu professor de Políticas Culturais no Instituto Pensarte-SP. Uma das suas últimas falas foi "é preciso educar a cultura e culturalizar a educação". Eis a resposta para aqueles que me perguntam o porquê estar numa sala de aula. Impossível militar políticas culturais se não vivencia na base, no chão da escola, as agruras porque perpassam a equipe diretiva, o corpo docente, os alunos, os familiares.É lindo, como são lindas as leis criadas na utopia sem a vivência do dia-a-dia, o que funciona ou não. No meio cultural não é diferente! Os objetivos de vida traçados pelos "tresmarianos" permeiam por tantos mundos. E os hidrogênios de outros mundos nos aguardam...e rapidamente, no intervalo de ir "tresmariartear" deixo aqui, rastros. Respingos de suor. Olheira de um rosto que quer dormir, estar livre pra pensar. Liberdade dos ociosos? Não. Liberdade de dizer o que se pensa, o que gestou, o que gestará. Sem medo de censura, fratura, navalha. Quedas milimetricamente planejadas pelos covardes... E que quebremos as pernas daqui há poucos minutos. E atrasada no ensaio daqui há pouco, sei, chegarei. Mas reles mortal que sou, é bom que se preparem para o dia da despedida. Haverá sempre um dia, em que não mais estaremos. .. de corpo ou alma!

domingo, 13 de dezembro de 2009

remar


Falta pouco para a estréia. Muito para os processos de desdobramento. Ludibriando o tempo e transformando o suor em combustível, foi, está sendo possível alavancar o processo de criação. As cenas, praticamente fechadas, em termos de criação coreográfica e texto teatral. A trilha sonora, em gestação nas montanhas mineiras. O cenário, ainda no mundo das idéias. Cubos de acrílico é o que ALONE pensa.... Não menos que R500,00 por cada cubo. "CRONICAMENTE INVIÁVEL", o orçamento acusa. O figurino, permanece na definição das cores, percebo. Desde outubro, uma escolha trouxe força enorme para o espetáculo. João quando estava na labuta de definição de música para determinada cena, elegeu uma canção belíssima de Carlos Farias e o Coral das Lavadeiras. E todos nós vibramos com a escolha. Eu me senti toda orgulhosa, pelo meu vício no trabalho dos conterrâneos mineiros e por ter entregue em mãos ao João o CD Aqua recém-chegado das Gerais. E eis que João encontra o que estava procurando para a cena que retrata a religiosidade e a união de culturas, dos povos. Será um quadro a denotar a comunhão de crenças, hábitos e costumes. A tolerância de se estar no mesmo lugar e respeitar as diferenças. A busca transcendental que fortalece a muitos. Os mitos que estão sendo forjados na capital através dos forasteiros que trazem/trouxeram mitos das suas raízes locais. E é o encontro das "tribos", o encontro das culturas brasileiras, no centro do Brasil. E assim vamos remando. Aprimorando, remando, projetando. Criando o novo a partir do velho, porque "Projetar é como remar. Remar de costas: olhando para trás e pensando para frente", já dizia Amyr Klink.
E no palco, o diretor que é coreógrafo, conselheiro, motorista, psicólogo, músico, se transmuda em dançarino. Um ritual lindo, em que Carol e João se transformam em um só corpo, pela missão de vida que lhes foi dada. E marido e mulher dividem o mesmo chão das artes. E é belo.... Meu maior receio é que eu fique embasbacada assistindo as cenas e esqueça de entrar e pronunciar meu texto. Pra mim, é mágico assisti-los. Ao contrário da banalização de espetáculos do momento atual, aqui, me transporto para o mundo da magia, reflexão. Cartase. Esse encantamento imprescindível e que tem carecido nas artes dos tempos de agora. E os dois dançarinos, com maestria sabem isso provocar.

sábado, 12 de dezembro de 2009

e o vento soprou...mata machado pro norte


E o vento soprou. Atendeu o pedido do post anterior.... Era abertura da II Conferência Estadual de Cultural. Sentada na platéia, vibrei de surpresa, alegria e contentamento quando anunciaram Bernardo da Mata Machado para a composição da mesa. Cá no Norte, reencontro o memóravel professor de políticas culturais quando do meu curso de Gestão Cultural em "belizonte". E baixinho disse a Carol "caramba, que bacana ele aqui! É conhecedor de causa da área cultural, de uma sensibilidade incrível... você vai conferir a leveza de sua fala". E quando ele começou a pontuar sobre a Carta Maior eu cochichei de novo com Carol "foi ele quem me despertou para os direitos culturais. Num trabalho de sua disciplina, ele pediu para elencar todos os artigos da Constituição Federal que referissem à cultura, um pouco do que ele está falando aí." E naquele momento, foi um misto de lembranças. Como seu eu refletisse e rediscutisse o tempo curto de 2006 quando de sua disciplina lá na UNA. Curioso é que no entremeio de sua fala, pincelou a síntese de "na palma dos olhos", uma capital em construção de sua identidade. Mais pontual do que nos dizeres registrados no primeiro post, ele esclareceu "situada no norte, mas também no centro-oeste, em divisa com nordeste, essa riqueza de diversidade cultural". E dessa vez, não disse nada a Carol, um piscar de olhos e um suspiro foram o bastante para dizermos em silêncio "estamos no caminho certo. Existem militantes da cultura que entenderão nosso recado, certamente". Mal pude esperar. No breve intervalo do café, o procuramos. E como foi gostoso papear um pouco sobre os caminhos seguidos. Em gestação! E Carol o conheceu. E ele a conheceu também como ex-dançarina do grupo 1. Ato, linguagem de dança que muito lhe apraz pela teatralidade, ele nos revelou. E falamos sobre o "na palma dos olhos", também do Prêmio Myrian Muniz para a montagem do espetáculo teatral "sol nos olhos". E ele nos animou suas palavras sábias, com seu ânimo e sensibilidade de artista, porque no teatro também já atuou. Carol centrada nos nossos projetos em andamento. Eu, submersa num misto de euforia, permeava os projetos em andamento da "tresmaria" com projetos-pesquisas-minhas que me possibilitaram formar um pensamento para chegar até aqui. E veio Raul Belém Machado e a cenotécnica; Hamilton Faria e as políticas culturais e a "ausculta"; Humberto Cunha e os direitos culturais. Bernardo foi um dos grandes responsáveis pela publicação do livro "Raul Belém Machado – O arquiteto da cena" . ::::::::::::::::::: E cá na "terrinha do sol", num lugar e momento que nunca, jamais imaginava reencontrá-lo, conversamos no intervalo de um café. Um café cultural, para além da discussão de políticos "enternados". Um reencontro, cujos protagonistas, comungavam de idéias e impressões afins. Ele, o mestre-maior que um dia doou conhecimento, agora, nos infla de coragem para esse intento que a FUNARTE nos delegou. Os prêmios Klauss Vianna e Myrian Muniz não são para a"tresmaria", mas para a capital que ora se constitui, para o nosso Brasil que ainda se constrói. Mas os parcos minutos do café que possibilitaram ânimo bom às duas mineirinhas, não foram o suficiente para pontuar que os "tresmarianos", nas aulas ministradas aos pequeninos palmenses ao longo de 2009, tentaram o despertar de que a formação artística não é instantânea. Ora, recordo-me de ele dizer, naquela época que "há tempos no Brasil, não se fala em escolas de arte e sim, de oficinas. Sabe-se que a formação artística não é de um dia para o outro. É preciso anos e anos de investimento. Estudo. Existe um discurso que engana, que é o das oficinas. Estas, além de movimentação financeira, servem para formação de recursos humanos, são válidas para despertar sensibilidade, integração. Para formar artistas, precisa-se de Escolas de Artes. Investimento a longo prazo". E aqui, agora, ainda é cristalizada, a idéia de que montar um espetáculo teatral ou de dança, basta ter boa vontade. Se é dirigido pelo fulano diplomado pelo curso à distância da "Porteira do Cerrado", é de excelência artística. Merece ser patrocinado.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

mercado

E ontem foi dia de reuniões. O retrato da política cultural brasileira! trabalho de grãos para despertar o que muitos sabem e fingem não saber - que hoje não mais se fala em favoritismo, ajuda, e sim, em parcerias. A grande aposta no mercado cultural é a criatividade, são os bens simbólicos. Muitos empresários não conseguem mensurar o "lucro" que um bem cultural possa gerar e por isso, repetem a milenar frase sem força, voz, cor: "não, não podemos ajudar". Mas eu não canso. Respiro, repito para o mais breve, poderem acordar: "Não estamos pedindo ajuda. Em absoluto, não! Nosso trabalho possibilita uma parceria de mão dupla. Certamente, há uma contrapartida que de repente, tem a haver com a política, com o perfil de vocês. Só gostaríamos de conversar a respeito". Parceria que, para os capazes de enxergar a cultura para além de um puro entretentimento, desperta a criatividade, a auto-estima e oportuniza escolhas para um povo. Sementes para a formação de público, pensamento crítico. Pessoas assim é que o nosso "brasil varonil" necessita. E não meros artesãos que se intitulam artistas-maiores e tentam a todo custo monopolizar o mercado cultural, estampando cores, telas, letras em todas as Instituições de algum lugar... é assim o Brasil, de onde eu vim. Aonde eu fui parar. Mas aonde eu vim parar, conversei com alguns mentores da UFT e muito animada e encantada saí de lá. Cabeças pensantes que sabem, respiram e vivem a realidade de agora, o que muitos chamam de transversalidade. Ainda na espera da reunião, fomos recepcionados (João, Marco Túlio, eu) por boa conversa com Diane, que falava espontaneamente de arquitetura, música, teatro. E depois, conversar com Expedito, Marluce, me possibilitou arejar a mente, oxigenar o cérebro de ares bons. Profissionais que antes de arrotarem o próprio saber na defensiva, como muitos fazem, ficam na ausculta e permitem que uma reunão formal, se transforme numa "roda de prosa" a discutir políticas culturais-educacionais. E aonde eu vim parar, me traz surpresas boas. Mas é preciso desbravar, caminhar, suar.... esperar. Silenciar, até que o universo conspire a favor e nos sopre até aqueles com pensamentos afins.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

outros olhos

e nos chega outros olhos. Da sétima arte! Caio, com idéias bacanas, pensamentos comuns. E ficamos animados. Ele também assistiu ao ensaio (que segundo Marco Túlio foi um fiasco), palpitou, e se fez integrante. Mais um tresmariano que acho, vem pra ficar, somar. Ontem!


"é necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso; eis o único problema. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar. Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha. Contanto que vos embrigueis. E, se, algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes com a embriaguês já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são: e o vento, e a vaga, e a estrela, há de lhe vos responder: É hora de se embriagar! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-v0s; embriagais-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha". (BAUDELAIRE)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

salada


E domingo não há descanso intelectual... E a necessidade faz uma bailarina se transfigurar em produtora. E através de telefonemas, Carol e eu ficamos conectadas nas articulações de circulação, viagens, produção. Troca de idéias, planejamento. E o cenógrafo se desdobra em artista gráfico, produtor e agenciador. E pensa, desenha, dá forma aos escritos, agenda reuniões. E o diretor artístico, acompanha-nos, torna-se motorista. Contata os que lhe são caros, herança de suas passagens pelos palcos com o Grupo Corpo, Quik, Quasar, Balé Municipal do Castro Alves. E a gente escreve, estuda, corre. E lá de "belizonte" o Cláudio Dias compõe canções outras, sob tutela de João. E assim, os domingos, feriados... e é pouco! a lida da semana suga a imaginação, porque estar numa sala de aula com 40 alunos, 40 horas semanais é árduo. E com exceção do cenógrafo, todos temos essa rotina. Escolas de Tempo Integral! a menina dos olhos de Palmas. O prospecto para a educação brasileira, onde crianças tem aulas de dança, teatro, xadrez, artes, natação, ginástica ritma, flauta, coral e ..., e..., e..., e.... As crianças dançam, cantam, sorriem. Os professores emagrecem, enrouquecem, se tornam mecânimos que de outro assunto, se não se policiarem, não sabem dizer. E tudo se transforma numa salada de funções. E a gente acaba advogando a própria causa, produzindo a nós mesmos, desbravando caminho, juntando cacos e construíndo nossa "casinha das artes". E todo perpassar dos tempos é válido. A rotina que não se cria, as amizades novas que se fazem, as risadas, lágrimas e percalços que passamos sempre juntos. E ontem foi dia de planejar a semana. Por telefone. Reuniões, editais, projetos e prazos. E curioso que a madrugada adormece para aqueles que deitam a cabeça no travesseiro e dormem. Mas como já disse Marco Túlio quando passamos madrugadas e madrugadas pendurados em celulares para a concepção de um projeto "só a gente é que sabe o sufoco que passou". Mas se tudo é salada de frutas e cada qual, trouxe da sua terrinha o seu extrato maior, vamos "caminhando, caminhando", como dizia Vinícius de Moraes "a procura de um lugar...e lá, vou eu, como é duro trabalhar"

domingo, 6 de dezembro de 2009

presença

A opção de atores comporem o elenco, foi desde o início. Uma dinâmica especial de montagem que requer um tempo maior de ensaios. Sabíamos que seria lento, como tem sido, colocar "corpos leigos" em movimento, memorização das contagens e marcações. Vejo que "na palma dos olhos", desde o seu primeiro ensaio, ultrapassa a dimensão rotineira de se fazer espetáculo para os amigos. Ao contrário, ocupa um lugar diferenciado no panorama local das artes cênicas. Não será apenas um evento "ousado" pela mescla de dançarinos e não-dançarinos; atores e não-atores em seu elenco, é um projeto de trabalho cultural que se afirma, na medida em que vai tomando forma (conceito, autonomia e linguagem). Não é mera etapa de criação de um espetáculo, mas uma obra de autoria própria.
O caminho da "tresmaria cia. de artes cênicas" tem sido de experimentação. As artes cênicas como campo de reflexão sobre os valores, vivências e imaginário do pedaço do Brasil que acolhe migrantes dos Sul, Sudeste, Nordeste. Os ensaios estão sendo uma jornada de artistas que acreditam que essa empreitada será muito mais do que uma montagem para se cumprir um Prêmio. Será uma transformação que nem todos perceberão, mas que muitos aproveitarão, pelo talento e competência de João Vicente, um diretor-dançarino-coreógrafo que não respeita os limites do "possível" e arremata retalhos criados por cada integrante. É uma tarefa árdua, etapa de nova experiência. Uma nova aposta na vida, sem medo de arriscar, errar, dizer SIM e NÂO. Entrar na "palma dos olhos" é sair diferente, nos conflitos e encontros epla liberdade de imaginar a nossa vida individual ou social. De forma sensível e criativa.
O ensaio de ontem teve platéia numerosa. Grandiosa! com direito a imprensa e "roda de prosa" ao término. Cláudio De Moraes, Norma Brugger, Marco Túlio vivenciaram conosco a "experiência simbólica", parte de uma história cultural Vivenciava a magia do sentir-se tocado pelo espírito que anima a existência. E foi lindo, quando todos palpitavam e Norma sugeriu cores para um adereço (sombrinha). Era a mesma idéia que Marco Túlio revelara no dia anterior. Era a sintonia que se provara. Composiçao de uma equipe que converge visões, sensibilidade, buscas. Propõe uma "reinvenção" de imaginários pessoais e coletivos, permitindo a liberdade de escolhas. Estímulo à liberdade de espírito que nos leva a produzir diferentes maneiras de estar juntos. E ontem, elementos novos foram utilizados em cena: água. E casualmente, o verde e o roxo compuseram o figurino do elenco naquela data, o que fez Norma vislumbrar com as cores. E enquanto Cláudio se disponibilizava em contribuir com a interpretação textual, Norma se transformava em atriz que enjoalhava no chão, fazia reverência aos céus, demonstrando coreografia que acabara de compor. Marco Túlio analisava alterações por ele anteriormente propostas. Com sorriso largo e olhos brilhando, a figurinista dizia "Cara, eu só vejo cores. Em tudo, cores". "No meu campo de visão, são fotografias. Em tudo que vejo", prosseguia o cenógrafo.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

novo ciclo


Branco será o chão para a estréia. Horizontes, magenta. Foi ontem esta revelação para o elenco vinda do cenográfo e diretor. O cenário começa a ganhar forma. E a rotina dos ensaios muda, porque marcações novas surgem. Um ciclo que se fecha. Novo ciclo que se inicia. No mapa do palco, a intercessão das Avenidas JK e Theotônio Segurado, estrutura "geográfica" de Palmas-TO. Tal qual Montesquieu, que na teoria dos três poderes apregoou "tratar os desiguais de forma desigual", essa parte do cenário, penso, simbolizará a hierarquia das castas; a desigualdade social; o poder. De forma sutil, é claro. Leitura minha, que não necessariamente a proposta do diretor. Assim como a cidade se estrutura em Norte x Sul, em kitinets e construções grandiosas, os quadrantes no palco, afora outras questões, denotarão, as classes sociais. Se o público perceberá, não sei, porque "personagens- tipos" no espetáculo não há. Não é a intenção, muito embora, o processo de criação busque o diálogo entre dança e teatro, definir personagens-tipo ou aprofundar psicologismo. Os intérpretes-dança-atores permanecerão no palco durante todo o espetáculo. Participarão de alguma forma, de todas as cenas que versarão dentre tantas temáticas, sobre "chegada dos forasteiros"; "gostos, opções e escolhas de diversão"; "trânsito". Ontem o ensaio foi permeado sobre discussão, cujo provocador maior foi Marco Túlio. Grandiosa é a participação do cenógrafo durante o processo de criação. Muito raro de acontecer. No Brasil, quase não há publicações sobre cenografia, cenotécnica, arquitetura cênica. Isso é refletido na platéia, que ou aplaude os artistas, idolatrando-os, ou, encantados com a beleza e magnitude do cenário, saem da sala de espetáculo dizendo "Nossa, o cenário é maravilhoso". Em "na palma dos olhos" criou uma sintonia e respeito para com o trabalho do cenógrafo, profissional que desde o primeiro ensaio assistido, de imediato, provocou reflexões pertinentes sobre o processo criativo. Isso sim, é um processo colaborativo! e permite que fique estampado a contribuição de cada um. Porque os aplausos, quase nunca são voltados para o figurinista, iluminador, sonoplasta, técnicos de palco, enfim. E tais profissionais são essenciais para a concepção da obra. Isso do cenário tem a haver com os signos, com a estética. Já dizia Paulo Merísio, meu professor lá das Gerais que, se coloco uma cadeira vermelha no palco, ela tem que ter um sentido, uma função. E aqui, com os "tresmarianos" tenho percebido que são artistas-profissionais que se preocupam com os "porquês".




a cidade em construção
na palma dos olhos
é uma pedreira...
ciclo novo

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

é uma pedreira...








... ... e tudo quando vai tomando forma.... ....
.... vai se transformando. Alterando. A própria forma.
O corpo do ator, do dançarino, sabemos, é uma argamassa a ser moldada. O acúmulo de experiência, vivência, pancada, saltos, tudo isso, fica impregnado no corpo. A memória corporal. De nada adianta, penso, técnicas e mais técnicas do conhecimento formal-científico, se o instrumento de trabalho (o próprio corpo) não perpassou pelos caminhos da vida, suas magias, agruras, aventuras, quedas, conquistas. Não abomino as heranças deixadas pelos grandes mestres que viveram, vivenciaram, criaram, semearam. Em absoluto, não! O que sinto agora, é a "navalha na carne" num corpo impotente que ao longo de três décadas não conseguiu atingir sequer o eixo de equilíbrio. Um corpo que a mente tenta comandar, mas não sai do lugar. Um corpo que tem medo de se esborrachar, que os pensamentos comandam os movimentos, mas ele pirraça, não responde. E não adianta estar ao lado de quem sabe, porque o saber não passa por osmose, o corpo é individual, os ossos não raciocinam. E o mestre joanino ensina, porque sabe, já viveu. É do seu corpo herança ancestral. E com sua leveza, calma, sapiência, diagnostica onde está errado...e conta 1, 2, 3, 4 a demarcar o movimento, a imagem que quer apresentar...mas é uma pedreira colocar "a cara e o corpo à tapa" num momento em que as danças mudernas fogem ao bom senso e levam ao palco corpos de ferro, numa sessão de tortura para os olhos de quem tem nas veias, a sensibilidade, criatividade, idéias e sonhos. É o caso de João Vicente e Carol Galgane. Coitados, coitados, coitados! Percorreram mundo e palcos e o que conseguem fazer em dois segundos, aqui, na "tresmaria solar", gastam 04 meses, pela generosidade e paciência em compartilhar, ensinar e esperar dois corpos-mineiros-paralíticos que não se movem. E o processo fica lento...mas são processos....precisamos de mais ensaios...mas ator não justifica... precisamos de tempo para papear...mas tempo não há... precisamos de cerveja, suor e samba... mas temos que trabalhar... precisamos de agilidade... mas o corpo quer descansar...Tempo, tempo, tempo! para a quarta jornada que "tresmaria" precisa. E tem gente aqui, lá, acolá que se intitula professor de dança, dançarino. E coloca o sobrenome de "contemporâneo" para tapar o buraco-abismo. Aqui, lá, acolá, a mudernidade revela o homem cada mais vez no escuro, com a boca cheia de informações e a cuca vazia de conhecimento. Auto-crítica! Com o ritmo das lesmas, a cidade do sol vai revelando aos forasteiros vindos de Belém, Maranhão, Minas, Goiás, Piauí, que dançar não é brincar de casinha, nem virar cambalhota ou fazer polichinello com caras e bocas vestido com malhas e lantejoulas. Devagarzinho, os raios do conhecimento vão atingindo as rotatórias. Integrais. Os respingos de suor que caem no concreto vão amolecendo o chão quente, quebrando falsos paradigmas, oportunizando escolhas. E não precisa de discursos, currículos, QIs, porque a delicadeza dos corpos no palco é o bastante para a platéia silenciar e as lágrimas rolarem. De rostos aparentemente petrificados. E aí, brota uma esperança, de que a humanidade contemporânea tem essência. Ontem, acreditei por um segundo, que era dia luminoso. Na Escola de Tempo Integral Padre Josimo Tavares ouvi o silêncio e vi as lágrimas da platéia que assistiu as alunas de Carolina Galgane. Era "O Lago dos Cisnes". Uma semente que gerava flor. Das pedras!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

a cidade da construção

"Aqui é a cidade da construção", ouvi ontem de João Vicente, no ensaio do bar. Os ensaios de "NA PALMA DOS OLHOS" iniciaram em agosto. Tal qual toda companhia que se inicia e que requer espaço para ensaios, com a "tresmaria cia. de artes cênicas", não o é diferente. Estamos a mercê da boa vontade e paciência de anfitriões da cidade do sol, que gentilmente nos cedem uma sala com linóleo sobre chão para nossos encontros. Anteontem, ensaio não ocorreu, por conta do dilúvio na cidade. Tudo, tudo alagado. Espaços internos e externos. Ontem, porém, porque a sala seria utilizada pela professora de teatro do Espaço Cultural, ficamos sem teto para esticar os esqueletos e brincar com a voz. Justo no dia em que Norma Brugger, nossa figurinista, teve hora livre para respirar conosco do oxigênio artístico. Fomos para uma pamonharia papear sobre o espetáculo. Norma parecia uma repórter: colocou os óculos de grau, retirou da bolsa uma caderneta e caneta e começou a inquirir João Vicente, sobre tudo. Cenas, tempo, cenário, temáticas, cores. Tudo, tudo... em outubro, ela já assistira aos ensaios, no entanto, mudanças muitas ocorreram de lá prá cá. João estava muito animado. Cheio de idéias e expectativas. Carol sem energia, cochilava na mesa. Ainda assim, opinava. Ficara o dia inteiro costurando, criando, ensaiando, preparando apresentação de suas alunas na escola municipal que leciona. Eu, empolgadíssima, porém, um pouco irritada, pois no "bar-pamonharia" não tinha cerveja. E sem cerveja, a inspiração fica tolhida. Brenno comia, ouvia e pontuava. Figurinista e diretor conversam, porque conversam e eis que João diz que "aqui é a cidade da construção". Construção em várias acepções do termo, penso. Construção de concreto sobre concreto, de um imaginário coletivo, de auto-estima dos forasteiros que prá cá vieram construir a própria história, de valores, identidade. Nosso posicionamento perante a "cia. tresmaria", que ora se constitui e constrói, ainda não sei se é desbravar caminho, ou se é permanecer inertes com o suor que respinga, os potós que nos tatuam, a água gelada das tempestades e a poeira que nos maquia. Certo é que cada integrante, cada qual na sua singularidade e busca individual, tem contribuído e reverberado no coletivo do nosso grupo. Isso, de alguma forma, refletirá no coletivo do lugar. Na nossa construção, a primeira definição foi a cor, magenta. Marco Túlio, com seu racionalismo simbólico, a trouxe para nossa obra em construção. Sua participação é efetiva nos ensaios: seja presencial ou virtual. Impregnada ficou a sua vitalidade, talvez pelas cores das irradiações solares. Nas reuniões e encontros, não mais constrói sozinho. Interrompe a conversa, manuseia o celular e prossegue a reunião: "Fala hombre, estou pensando que ao invés de cadeiras, você construa os assentos como se fossem sacos de cimento". De algum lugar, Marco Túlio, completa o quórum de "na palma dos olhos". Em construção!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

na palma dos olhos

"na palma dos olhos" é o espetáculo de dança em processo de andamento com estréia prevista para 10 de março de 2010 no SESC-Palmas/TO. Contemplado pelo Prêmio Klauss Vianna - FUNARTE - Edição de 2009, é inspirado em observações do cotidiano da mais nova capital brasileira em processo de formação cultural, arquitetônica, política. A idéia do coreógrafo e bailarino João Vicente que assina a direção artística é pesquisar movimentos corporais em diálogo com a arte teatral.

O espetáculo revela impressões de artistas recém-chegados na capital acerca dos gostos, costumes e vivências da população forasteira que para o norte veio desbravar caminho. Também permeia aspectos climáticos e arquitetônicos da cidade conhecida como Ponto Geodésico do Brasil. O que se constrói nas cenas de "na palma dos olhos" são olhares sobre uma capital onde poucos brasileiros conhecem e, que, apesar do sol escaldante, é rica pela diversidade cultural advinda da mescla de pessoas de vários cantos do país. Uma capital onde a arquitetura é forjada para o futuro, e por isso, muitas pessoas se perdem na decodificação dos endereços compostos por números e letras. Capital sendo transformada de concreto sobre concreto, mas que preserva árvores diversas que despencam frutos saborosos em plenos canteiros nas pistas de tráfego centrais. Um centro urbano, onde se é possível avistar um maravilhoso pôr-do-sol ao som de araras que brincam pelo céu quando transeuntes batem papo nas áreas externas dos bares ou nas próprias portas de suas casas, regado a cerveja e espetinhos.

"Nesse processo eu não estou tendo inspiração da coreografia em cima da música. Ao contrário, a música é que está se adaptando à coreografia. As idéias de cena, o movimento, é a grande preocupação. Colocar o movimento em cena é mais importante do que colocar o movimento da música. A música é como pano de fundo! Curioso é que a música da primeira cena é que inspirou a criação de movimentos, a própria cena. A música começa lenta, tem uma harpa que é uma coisa fantástica, mágica. A criação de Palmas-TO, ao meu ver, meio que aconteceu do nada. Num passe de mágica, rasgaram o cerrado e esta música muito me inspirou isso. É tanto que na música, a cantora só emite sons, depois. Essa música inicial me chama muito a atenção pelo crescendo que traz. E assim, sempre traz um pando de fundo pra cena. Toda música. Essa música que me refiro simboliza a própria construção da cidade e seu crescimento. Na primeira cena, a expressão corporal e movimentação dos intérpretes-bailarinos-atores, fundamental na encenação, foi sim, inspirada na música", diz João Vicente.

Integram a equipe técnica: Carolina Galgane (coordenadora-geral; bailarina; produtora executiva); João Vicente (diretor artístico, coreógrafo, bailarino); Brenno Jadvas (ator); Eliene Rodrigues (gestora cultural; atriz; produtora executiva); Marco Túlio Valadares (cenógrafo; diretor de arte); Norma Brugger (figurinista); Cláudio Dias (músico); Cláudio De Moraes (assessoria de imprensa); Caio Brettas (produção de audiovisual); Lúcio de Miranda (iluminador)

napalmadosolhos@gmail.com