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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

a cidade da construção

"Aqui é a cidade da construção", ouvi ontem de João Vicente, no ensaio do bar. Os ensaios de "NA PALMA DOS OLHOS" iniciaram em agosto. Tal qual toda companhia que se inicia e que requer espaço para ensaios, com a "tresmaria cia. de artes cênicas", não o é diferente. Estamos a mercê da boa vontade e paciência de anfitriões da cidade do sol, que gentilmente nos cedem uma sala com linóleo sobre chão para nossos encontros. Anteontem, ensaio não ocorreu, por conta do dilúvio na cidade. Tudo, tudo alagado. Espaços internos e externos. Ontem, porém, porque a sala seria utilizada pela professora de teatro do Espaço Cultural, ficamos sem teto para esticar os esqueletos e brincar com a voz. Justo no dia em que Norma Brugger, nossa figurinista, teve hora livre para respirar conosco do oxigênio artístico. Fomos para uma pamonharia papear sobre o espetáculo. Norma parecia uma repórter: colocou os óculos de grau, retirou da bolsa uma caderneta e caneta e começou a inquirir João Vicente, sobre tudo. Cenas, tempo, cenário, temáticas, cores. Tudo, tudo... em outubro, ela já assistira aos ensaios, no entanto, mudanças muitas ocorreram de lá prá cá. João estava muito animado. Cheio de idéias e expectativas. Carol sem energia, cochilava na mesa. Ainda assim, opinava. Ficara o dia inteiro costurando, criando, ensaiando, preparando apresentação de suas alunas na escola municipal que leciona. Eu, empolgadíssima, porém, um pouco irritada, pois no "bar-pamonharia" não tinha cerveja. E sem cerveja, a inspiração fica tolhida. Brenno comia, ouvia e pontuava. Figurinista e diretor conversam, porque conversam e eis que João diz que "aqui é a cidade da construção". Construção em várias acepções do termo, penso. Construção de concreto sobre concreto, de um imaginário coletivo, de auto-estima dos forasteiros que prá cá vieram construir a própria história, de valores, identidade. Nosso posicionamento perante a "cia. tresmaria", que ora se constitui e constrói, ainda não sei se é desbravar caminho, ou se é permanecer inertes com o suor que respinga, os potós que nos tatuam, a água gelada das tempestades e a poeira que nos maquia. Certo é que cada integrante, cada qual na sua singularidade e busca individual, tem contribuído e reverberado no coletivo do nosso grupo. Isso, de alguma forma, refletirá no coletivo do lugar. Na nossa construção, a primeira definição foi a cor, magenta. Marco Túlio, com seu racionalismo simbólico, a trouxe para nossa obra em construção. Sua participação é efetiva nos ensaios: seja presencial ou virtual. Impregnada ficou a sua vitalidade, talvez pelas cores das irradiações solares. Nas reuniões e encontros, não mais constrói sozinho. Interrompe a conversa, manuseia o celular e prossegue a reunião: "Fala hombre, estou pensando que ao invés de cadeiras, você construa os assentos como se fossem sacos de cimento". De algum lugar, Marco Túlio, completa o quórum de "na palma dos olhos". Em construção!

2 comentários:

  1. Precisamos de mais ensaios-cerveja como esse. Realmente foi muito positivo. Só faltou o cenógrafo que estava no jiu-jitsu e o iluminador que nem sabe do que se trata ainda. Essa eles estão devendo, deverão pagar a próxima rodada.

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  2. rs...é verdade! E vamos aumentando a "roda" (de prosa, de integrantes, de seguidores).

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