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domingo, 6 de dezembro de 2009

presença

A opção de atores comporem o elenco, foi desde o início. Uma dinâmica especial de montagem que requer um tempo maior de ensaios. Sabíamos que seria lento, como tem sido, colocar "corpos leigos" em movimento, memorização das contagens e marcações. Vejo que "na palma dos olhos", desde o seu primeiro ensaio, ultrapassa a dimensão rotineira de se fazer espetáculo para os amigos. Ao contrário, ocupa um lugar diferenciado no panorama local das artes cênicas. Não será apenas um evento "ousado" pela mescla de dançarinos e não-dançarinos; atores e não-atores em seu elenco, é um projeto de trabalho cultural que se afirma, na medida em que vai tomando forma (conceito, autonomia e linguagem). Não é mera etapa de criação de um espetáculo, mas uma obra de autoria própria.
O caminho da "tresmaria cia. de artes cênicas" tem sido de experimentação. As artes cênicas como campo de reflexão sobre os valores, vivências e imaginário do pedaço do Brasil que acolhe migrantes dos Sul, Sudeste, Nordeste. Os ensaios estão sendo uma jornada de artistas que acreditam que essa empreitada será muito mais do que uma montagem para se cumprir um Prêmio. Será uma transformação que nem todos perceberão, mas que muitos aproveitarão, pelo talento e competência de João Vicente, um diretor-dançarino-coreógrafo que não respeita os limites do "possível" e arremata retalhos criados por cada integrante. É uma tarefa árdua, etapa de nova experiência. Uma nova aposta na vida, sem medo de arriscar, errar, dizer SIM e NÂO. Entrar na "palma dos olhos" é sair diferente, nos conflitos e encontros epla liberdade de imaginar a nossa vida individual ou social. De forma sensível e criativa.
O ensaio de ontem teve platéia numerosa. Grandiosa! com direito a imprensa e "roda de prosa" ao término. Cláudio De Moraes, Norma Brugger, Marco Túlio vivenciaram conosco a "experiência simbólica", parte de uma história cultural Vivenciava a magia do sentir-se tocado pelo espírito que anima a existência. E foi lindo, quando todos palpitavam e Norma sugeriu cores para um adereço (sombrinha). Era a mesma idéia que Marco Túlio revelara no dia anterior. Era a sintonia que se provara. Composiçao de uma equipe que converge visões, sensibilidade, buscas. Propõe uma "reinvenção" de imaginários pessoais e coletivos, permitindo a liberdade de escolhas. Estímulo à liberdade de espírito que nos leva a produzir diferentes maneiras de estar juntos. E ontem, elementos novos foram utilizados em cena: água. E casualmente, o verde e o roxo compuseram o figurino do elenco naquela data, o que fez Norma vislumbrar com as cores. E enquanto Cláudio se disponibilizava em contribuir com a interpretação textual, Norma se transformava em atriz que enjoalhava no chão, fazia reverência aos céus, demonstrando coreografia que acabara de compor. Marco Túlio analisava alterações por ele anteriormente propostas. Com sorriso largo e olhos brilhando, a figurinista dizia "Cara, eu só vejo cores. Em tudo, cores". "No meu campo de visão, são fotografias. Em tudo que vejo", prosseguia o cenógrafo.

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