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Conversas, cotidiano, artes, fazedors de artes, cultura, cidadania, são temáticas imbricadas no nosso caminhar e, por isso, passarão por aqui. Aberto a contribuição de todas as pessoas sintonizadas conosco... sejam bem-vindos!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

andar

Muito embora eu não tenha ido muito ao teatro, eu sempre me entristeço quando assisto algo puramente comercial. Certo são as casas lotadas! O riso pelo riso. O público que se deleita com o besteirol. Ao mesmo tempo, num outro canto, montagens de grupos experimentais. Espaços alternativos e pequenos. Gatos pingados compondo a platéia. Geralmente do meio artístico. Assim, como as pessoas vão apreender alguma mensagem? Á quem atingir? Que mensagem passar? Que público formar? As pessoas continuam hipnotizadas pela TV e acabam achando que teatro é sua cópia. Imagem e semelhança desta deusa. Mesmo batom e estamparia. Nas escolas de ensino público, cujo cardápio oferece teatro enquanto disciplina, teatro é sinõnimo de "tablado para jogral" em comemoração ao Dia do Imposto, Dia do Gari, Dia do Presidente da República. Mas reconheço, louváveis são os figurinos e cenários. É teatro! porque subiu ao palco, vestiu diferente, fez gracinha, aquelas piadinhas retiradas do youtube...daqui, dali. É teatro! Como formar esse público para teatro? se desde criança aprendem que teatro é quinenzim as novelas mexicanas? ou que tem que estar vestido igual às personagens do Caminho das Ìndias, tem que dançar igual a Joelma da Calipso, tem que falar igual os "bombonzinhos"da malhação....e andar parecido às fashion da moda. As pessoas acabam pensando que fazer teatro é uma palhaçada colorida em forma de corpos bonitos. Não é só isso. Tem outras linguagens! Gente de vários naipes e idades. Lembro que em 2007 a Adriana Galisteu se transformou em atriz talentosíssima, segundo a estimável Bibi Ferreira. Se não me falhe a memória, o trabalho estava sob direção de Jô Soares. E Bibi esteve aqui em Palmas logo quando cheguei. Confesso que me deu vontade de assistir ao seu espetáculo por sabê-la história viva do teatro brasileiro, por conta de seu pai e ela o acompanhar desde criança. Mas sem julgamento de valores, por não compreender o motivo do seu aval à "viúva Senna" enquanto atriz de teatro, paralisei. Sentei na Trupe do Butiquim. Preferi investir a grana reservado ao ingresso com chopp. Nada contra! Já passou. Mas já passou da hora, penso, de acabar com essa onda de que para ser ator profissional, basta ser aprovado no concurso do Big Brother Brasil e chegar na Globo. E alcançar a CARAS. Cara, caramba, carambola! Muita coisa passou. Tudo passa, mas a memória acusa porque esperanças existem para um fazer teatral digno de "aplauso" e de interação com o público. O teatro do Franco Zampari e Ziembiski (escrevi errado esse nome) que cumpriram o legado e deixaram um rastro a seguir. Mas como prosseguir se o Brasil carece de políticas públicas de cultura? e retrocedeu léguas do que Gilberto Gil conseguiu alavancar? Povo, povo, povo, comédia é lembrar de 2007, quando um sobrinho de Edir Macedo teve a brilhante idéia de criar um projeto de lei propondo a inclusão de templos religiosos entre os "beneficiários" da Lei Rouanet. Repito, nada contra! Mas não há que se falar em teatro e esquecer do que está imbricado ao fazer teatral. Dos bastidores da sociedade, da política, da comunidade. Aqui em Palmas, sinto falta de mais efervescência de trabalhos experimentais, intercãmbio com grupos bons de teatro de outras cidades, bate-papos e oficinas. O SESC/ PALMAS tem cumprido papel importante nisso aí. Mas não basta! Acho tudo isso muito sério. Quem sou eu pra dizer, mas o que vejo é que o mundo é um lugar muito estranho mesmo. Principalmente essa geração depois da minha. Andam inebriados por não sei o quê e não sei aonde. Tudo acelerado e desconexo. Um bombardeio de informação. E conhecimento? Falta conhecimento. Sobra desonestidade. Mas conhecimento, onde fazer? Tenho vontade de ter vivido nas gerações anteriores à minha. Penso como deveria ter sido na época de Procópio Ferreira, Tônia Carreiro, Dulcina de Moraes, Cacilda Becker, Paulo Autran, Cleide Yaconis, artistas teatrais respeitados pelo próprio respeito que se davam. Deram! A profissão construída. Um exemplo a seguir. Do público! A honestidade artística. A criaçaõ enquanto uma busca. Um refletir da sociedade, o homem em transformação. Eu imagino como deveria ter sido bom essa época, porque quando a gente lê sobre, o "imaginar" já faz os olhos brilharem. Lastimo o que não vivi. E o futuro? Só à Deus pertence se não nos colocarmos enquanto partícipes e possibilitarmos espaço para isso e aquilo.

Um comentário:

  1. Cara irmã, afetuosa amiga... vou lendo as linhas daqui e pensando, ou melhor, questionando se realmente estes grandes nomes listados são realmente plenos qto a história apresenta... Entretanto, eles cuprem muito bem a função de nutrir nossos desejos mais sinceros.
    O que nos resta fazer, se não, tranformar o sonho em matéria palpável, tocável, por isso semrpe insisti e continuo insistindo: a mais perfeita maneira de dançar é se abandonar livremente no espaço, deixar o coração gritar o próximo passo e acreditar que dali sairá a dança mais perfeita, simples e bela!
    TE abraço e beijo!

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