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segunda-feira, 8 de março de 2010

ensaio mudo


E o ensaio foi mudo... Sem trilha sonora. Contagem apenas do diretor. E o iluminador cênico se fez presente. E os técnicos do SESC como de rotina, sempre bem-humorados nas labutas. Da véspera. Clayton e Fred a sorrir, papear e botar a mão na massa. E no meio do ensaio, o vulto de Melchiades. Ele, sempre que lá estamos, surge "relâmpago", como forma de dizer que está acompanhando o trabalho e, que, se precisarmos de algo, é só falar. Agora, falta muito pouco. Mas como em tudo na "dualidade terrestre", falta muito. Lacunas sempre existem. E é chegada a hora. Do desvelar dos véu e as cortinas se abrirem...para acontecer de fato o diálogo. Entre palco x platéia. Esta, elemento imprescindível para o fenômeno espetacular. E mesmo nos tempos de agora, enxergo atuais reflexões de Grotowski que abaixo transcrevo:

"Estamos interessados no espectador que sinta uma genuína necessidade espiritual, e que realmente deseje, através de um confronto com a representação, analisar-se. Estamos interessados no espectador que não pára num estágio elementar de integraçaõ psíquica, satisfeito com sua mesquinha estabilidade espiritual, geométrica, sabendo exatamente o que é bom e o que é ruim sem jamais pôr-se em dúvida. Não foi para ele que El Grego, Norwid, Thomas Mann e Dostoiévski falaram, mas para aquele que empreende um processo interminável de autodesenvolvimento, e cuja inquietação não é geral, mas dirigida para uma procura da verdade de si mesmo e da sua missão na vida.

Não satisfazemos o espectador que vai ao teatro para cumprir uma necessidade social de contato com a cultura: em outras palavras, para ter alguma coisa de que falar a seus amigos e poder dizer que viu esta ou aquela peça, que foi muito interessante. Não estamos no teatro para satisfazer sua "sede cultural". Isto é trapaça.

Tampouco satisfaçamos o homem que vai ao teatro divertir-se, depois de um dia de trabalho. Todo mundo tem o direito de divertir-se depois de um dia de trabalho, e há inúmeras formas de divertimento para esse propósito."
(GROTOWSKI, Em Busca de um Teatro Pobre)

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