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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

o corpo se apagou

Noite. Quarta-feira de cinzas. Término do ensaio. Saída do Teatro Montenegro. Entrada na sala dos professores do Centro de Criatividade. "Nossa, que flores lindas!" exclama Carol para o porteiro que nos acompanhara desde a entrada do Espaço Cultural até a sala. "Ué, alguém morreu?" ela continua, ao verificar melhor a "embalagem" das flores. "São para o Arnaud Rodrigues. Vocês não sabiam? Não acompanham aos noticiários, não?". João se aproxima carregando o restante da "parafernália" utilizada nos ensaios. Ouve a notícia. Brenno comenta algumas palavras. Silêncio abissal. _____________________________________________________________________________________ Em 2009 o mundo da dança e do teatro derramaram lágrimas com a passagem de Pina Baush e Augusto Boal. Agora, já no início de 2010, o Brasil envia para outras dimensões Pena Branca e Arnaud Rodrigues. Este iluminou por muitos anos a "terrinha do sol" quando resolveu abandonar as telinhas televisivas e radicar-se para o Tocantins. Inúmeras vezes o avistei nalguns locais públicos daqui. E sempre que o via, à minha mente, ressoava aquilo que quando criança eu escutava dos mais velhos, quando na frente da TV seu rosto surgia: "ah! pra mim, o papel mais engraçado dele é o Soró de Pão,Pão, Beijo, Beijo. Não tem igual, não tem". Anteontem o seu "invólucro-luz" no plano material se apagou. A olhos nus, ele se foi. Mas continua brilhando em tudo aquilo que semeou. Em Palmas, no Brasil. Curioso é que quando os artistas mudam de plano, instantaneamente a mídia os torna reconhecidos. E lhes dão espaço, primeira página nos jornais. E vangloriam o esforço sacrificado que nem sempre foi visto no momento do suor derramado. E quando transfiguram, ganham espaços de homenagem. Tornam-se imortais, aprisionados nas lembranças materiais, na história de um tempo.

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